Os vereadores da coligação PSD-PPM, oposição na Câmara de Santo Tirso, anunciaram quarta-feira que pretendem que seja feita uma auditoria às contas da autarquia desta cidade, liderada pelo socialista Joaquim Couto, que já considerou a medida “desnecessária”.
A ideia de pedir uma auditoria às contas da Câmara Municipal de Santo Tirso surgiu no seguimento das declarações de Joaquim Couto à imprensa, dadas em 15 de Novembro, segundo as quais “a situação económica e financeira” desta autarquia “não é aflitiva”, nem “está em ruptura” mas “inspira alguns cuidados”.
Baseados nestas declarações, os vereadores da oposição mostram-se preocupados, lembrando que dois vereadores da equipa actual do socialista Joaquim Couto transitaram dos mandatos de Castro Fernandes (também PS), presidente da Câmara de Santo Tirso até às autárquicas de Setembro.
“Preocupa-nos porque durante vários anos o PS sempre disse que estava tudo bem. Preocupa-nos porque ainda não tivemos acesso à prestação de contas de 2013. Eu sou líder da equipa de vereadores do PSD-PPM agora, mas fui deputado na Assembleia Municipal durante os últimos quatro anos e nos quatro anos anteriores fui vereador. Sempre ouvi um discurso positivo até agora em que o mesmo partido fala em cuidados”, disse, à Lusa, o vereador Alírio Canceles, candidato derrotado nas eleições de Setembro, agora vereador da oposição em Santo Tirso.
Este pedido de auditoria às contas da Câmara foi feito terça-feira no período antes da ordem do dia da reunião de Câmara, mas o mesmo, afirmou Canceles, foi “desvalorizado” pelo executivo socialista. Agora a coligação PSD-PPM decidiu avançar com um pedido de auditoria em forma de proposta ao executivo, para que esta medida faça parte da ordem de trabalhos e seja alvo de votação numa futura reunião de Câmara.
“Estamos a dar o benefício da dúvida à Câmara antes de avançar para instâncias superiores. É que esta situação tem uma enorme agravante: dois vereadores actuais do PS eram do tempo do Castro Fernandes. Um deles partilhava com o presidente a pasta das finanças. Portanto há aqui qualquer coisa que não bate certo. Imagino até que houve alguma contenção no discurso do actual presidente porque a realidade deve ser bem pior”, disse Alírio Canceles.
Caso esta auditoria não se venha a realizar “em breve”, o PSD-PPM diz ser esta uma prova de que “o PS tem medo que algo de muito mau venha a descobrir-se”.
Em reacção a este pedido da oposição, o actual presidente da Câmara, Joaquim Couto, disse à Lusa que “fazer uma auditoria agora é desnecessário” porque os “próprios organismos do Estado se encarregam, periodicamente, de fazer esse trabalho”. O autarca de Santo Tirso referiu que tanto a Direcção Geral da Administração Local, como o Tribunal de Contas, como o Ministério das Finanças, têm feito “trabalhos de natureza inspectiva” neste concelho.
“Não deve haver Câmara nos últimos 20 anos tão auditada como a de Santo Tirso. E não há contradição entre o que o anterior presidente disse, que ‘estava tudo bem’, e com o que eu disse, que ‘era preciso ter cuidado’. Eles [vereadores do PSD-PPM] querem fazer chicana política”, referiu Joaquim Couto.
Segundo o autarca, o relatório de contas relativo a 2013 será apresentado “como habitualmente e normalmente” numa Assembleia Municipal no próximo ano, prevendo-se que esta venha a realizar-se em Abril.