
Foto: Arq/Carlos Romão
Guilherme Pinto defende alterações legislativas para dar condições de igualdade a independentes e forças partidárias, considerando que os partidos têm que ser renovados.
Esta segunda-feira, em entrevista à agência Lusa, o presidente da Câmara de Matosinhos reeleito considerou que a sua candidatura independente deu “um belo contributo a todos os partidos porque a forma como os partidos escolhem os seus intérpretes tem que ser alterada”.
Guilherme Pinto venceu as eleições autárquicas de domingo com maioria absoluta, pondo fim a uma bastião do PS com 37 anos, partido do qual se desfiliou em Fevereiro na sequência da escolha de António Parada como cabeça-de-lista socialista à Câmara.
“Ontem Matosinhos deu um recado fortíssimo aos partidos no sentido de dizer que não chega apoderar-se do aparelho para convencer depois a população. É preciso renovar de facto o interior dos partidos”, defendeu, considerando um exemplo disso mesmo não só a sua vitória como a de Rui Moreira no Porto.
Na opinião de Guilherme Pinto “a lei tem que ser alterada para dar condições de igualdade a independentes e aos partidos”.
“Não faz sentido que se exija o número de assinaturas que é exigido para fazer uma candidatura independente. Não faz sentido nenhum exigir que essas candidaturas tenham que ir além de um conjunto de princípios porque aquilo que se passou, principalmente em Gondomar é vergonhoso. Não é possível que os partidos não paguem IVA e nós tenhamos uma campanha à partida logo mais cara 23%”, enumerou.
Para o candidato independente, “o grande problema dos partidos é que têm que perceber que ou mudam a bem ou mudam de outra forma”, criticando a “falta de coragem” da Assembleia da República para clarificar atempadamente a lei da limitação dos mandatos.
“Não me parece que os partidos tenham grande vontade de abrir aos independentes mas também não me parece que a evolução da comunidade lhes deixe grande alternativa”, sublinhou.
Guilherme Pinto garante que não diaboliza “a militância dos partidos” mas alerta para o clima criado que deixa os partidos “abandonados à sorte de meia dúzia de oportunistas que tentam fazer valer uma ambição pessoal”.
“Admito que os partidos vão ter cada vez mais dificuldades em conseguir impor uma certa mensagem perante personalidades que lhe saem ao caminho e que entendam fazer diferente”, antecipou.